segunda-feira, 29 de julho de 2013

Peão

Diga você me conhece
Eu já fui boiadeiro
Conheço estas trilhas
Quilômetros, milhas
Que vem e que vão
Pelo alto sertão
Que agora se chama
Não mais de sertão
Mas terra vendida
Civilização

Ventos que arrombam janelas
E arrancam porteiras
Espora de prata riscando as fronteiras
Selei meu cavalo
Matula de fardo
Andando ligeiro
Um abraço apertado
Um suspiro dobrado
Não tem mais sertão

Os caminhos mudam com o tempo
Só o tempo muda um coração
segue seu destino boiadeiro
Que a boiada foi no caminhão

A fogueira, a noite
Redes no galpão
O paiero, a moda
O mate, a proza
A saga, a sina
O causo e onça tem mais não

Oh peão...

Tempos e vidas cumpridas
Pó, poeira, estrada
Estórias contidas
Nas encruzilhadas
Em noites perdidas
No meio do mundo
Mundão cabeludo
Onde tudo é floresta
E campinas silvestres
Mundão caba não

Sabe que prum bom viajante
Nada é distante
Prum bom companheiro
Não conta dinheiro
Existe uma vida
Uma vida vivida
Sentida, sofrida
De vez por inteiro
E este é o preço de eu ser brasileiro

Os caminhos mudam com o tempo...

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